9 de maio de 2010

Revolução Nerd: de Friends a The Big Bang Theory

Li esse texto no Sedentário e resolvi compartilhar aqui... 2 séries maravilhosas que definem diferentes gerações...


Big Bang Theory: o Friends de uma nova geração





Existem seriados que marcam época e outros que apenas preenchem espaço nas grades de programação. Existem algumas séries pra quem gosta de ação, aventura, ficção e comédia e existem algumas que, simplesmente, definem uma geração inteira. Foi assim com Friends, que durante dez anos mostrou o que era ser um jovem adulto nos anos 90 e é assim com The Big Bang Theory.
Lá por 1997 quando Friends estava em seu ápice era díficil alguém não se identificar com a esquizofrênica Mônica, o loser Ross, o engraçadinho Chandler, a amalucada Phoebe, com o sem noção Joey ou a patricinha Rachel. Uma comédia despreocupada, que mostrava um grupo de amigos amadurecendo e se tornando adultos de verdade. Os atores ganhavam mais de U$800.000 por episódio, todos queriam se vestir como eles, falar como eles, morar no Village e tomar café no Central Perk. Resumindo, todos queriam ser descolados. Onde foi que, nesses dez anos, os nerds dominaram o mundo?

Pode-se chamar de fenômeno cultural, moda passageira ou o que for. A verdade é que nesse ínicio de século os “perdedores” tornaram-se protagonistas de uma das séries de humor mais vistas do planeta, e não só isso. São diretores de grandes empresas, executivos de sucesso e formadores de opnião respeitados. Sim amigos, muito mudou e agora todos querem participar da irmandade Lambda, Lamda, Lambda e se você não sabe o que é uma Graphic Novel, nunca teve um Atari ou em que cidade vive o Batman estará em apuros em qualquer roda de bar (sim hoje se fala disso nos bares).

A Revolução Nerd
É claro que assim como Friends, Big Bang não é causa, e sim, reflexo da cultura moderna. Existem vários fatores que fizeram com que a mídia hoje tenha uma enxurrada de séries e filmes baseados em quadrinhos, super-heróis sendo novamente idolatrados pelas crianças, a indústria de games ganhando força e nerds fazendo piada na TV, mas, entre eles, pode-se citar as greves dos roteristas americanos em 1999, Matrix e a profissionalização da indústra de quadrinhos.
O ano de 1999 foi crucial neste boom de cultura nerd. Neste ano estreou o fenômeno de bilheteria Matrix que misturando ficção científica com filosofia fez uma geração inteira cultuar os super-heróis novamente. Não é segredo que os irmão Wachowski usaram os quadrinhos como referência para criar Neo, que no final do primeiro filme voa em direção a câmera como se dissesse: preparem-se para o que virá. Se os dois filmes seguintes foram decepcionantes, não vem ao caso. A revolução já tinha começado.
No mesmo ano os roteiristas americanos entraram em greve, fazendo com que idéias e scripts originais para programas e filmes se tornassem artigo raro. Com o sucesso estrondoso de Matrix, nada mais lógico que buscar idéias prontas na fonte onde os criadores do fenômeno beberam: os quadrinhos. Depois disso vários filmes e séries ganharam movimento, no começo os resultados costumavam ser péssimos como Do Inferno e A Liga Extraordinária de Alan Moore e a série de Witchblade baseada nos quadrinhos de Marc Silvestri, mas, com o tempo, os estúdios foram acertando a mão e, principalmente, se mantendo cada vez mais fiéis as histórias publicadas, o que atraiu cada vez mais fãs. Mas mais que boas adaptações, o ínicio dos anos 2000 trouxeram executivos e cineastas que cresceram lendo quadrinhos e trouxeram essa paixão para outros meios. Exemplo disso é M. Night Shyamalan que depois do sucesso de O Sexto Sentido escreveu e dirigiu Corpo Fechado que é uma homenagem escancarada ao mundo dos comic books. Mas o fato é que somente o interesse dos estúdios não faria o sonho dos fanboys realizados, pra isso era preciso uma forcinha dos próprios.

Nerd gosta do que é bom
Muito se falou que o público leitor de quadrinhos vinha envelhecendo ano a ano e que, em breve, a indústria entraria em colapso. A verdade é que o público envelheceu sim. Envelheceu, e se tornou um público exigente, com alto poder aquisitivo e, na maioria, formadores de opnião. Ou seja, em uma época em que a internet entrou de vez na vida de todos, os nerds dominaram a rede e, consequentemente, o mundo.
Há 40 anos tentava-se fazer boas adaptações para as telas de histórias em quadrinhos, mas nunca a voz de quem mais interessava foi ouvida e, com a internet, esse cenário mudou drasticamente. De uma hora para outra fóruns e sites começavam a criticar uma produção baseada em quadrinhos que não mostrava a fidelidade ao original desejada. Destruíam a imagem de atores escalados para viver papéis que não consideressem apropriados. Organizavam boicotes a filmes que não se ativessem ao universo pré-estabeleceido e adorado. Ninguém queria ver um Capitão América com escudo transparente, nem um Superman careca e gótico.

Com os ouvidos atentos aos apelos do público foram produzidos boas e fiéis adaptações como X-Men, Homem-Aranha, Sin City, 300,Batman – O Cavaleiro das Trevas, Homem de Ferro, entre outros. Bastaram algumas boas produções para que uma legião de novos fãs estivesse conquistada.

Bazinga!!!
Sheldon, Leonard e Penny não são o retrato de uma geração, são a caricatura. O físico das camisetas engraçadas está em um extremo, totalmente alienado do mundo real, vivendo entre quadrinhos, filmes, videogames e Linux. Leonard reluta em ser um nerd completo, se mantém atento a realidade e tenta manter a seriedade e ser “um adulto responsável”. E é aqui que entra Penny, que é o real elo de ligação entre o público em geral e os malucos da série. A personagem que sonha em ser atriz, mas é garçonete no Cheasecake Factory, começa a série sem entender nada que seus vizinhos falam e aos poucos vai se aproximando desse universo que ela desconhecia e, tal qual o grande público americano, começa a entender esse mundo de quadrinhos e videogames. Quem nunca soube que Jay Garrick foi o primeiro Flash ou que  Tiberius é o nome do meio do Capitão Kirk, vai de episódio em episódio se tornando um pouco nerd.


Entre piadas e tirações de sarro, Big Bang Theory faz muito mais pela indústria dos quadrinhos em um episódio do que todas as temporadas de Smallville, que mais confunde do que conta a história do jovem Superman. Não é de surpreender que mais do que uma comédia, a série seja um fenômeno cultural. A sociedade enxerga e, aos poucos, assimila uma cultura há bem pouco tempo discriminada. Não se espante se a qualquer momento até sua mãe o saudar com o cumprimento vulcano de Spock.


Concluindo... hoje em dia todo mundo é um pouco nerd!!!










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